Reflexões sobre o fim

Ali jaz um corpo. Sem cor, sem nome, apenas uma carcaça desprovida de sensações e sentimentos. Quem seria? Já não era mais, disso tenho certeza. Mas ainda restam dúvidas. O que este alguém levou da vida? Dizem que levamos o que comemos, quem amamos e o que aprendemos. Mas para onde levamos? Será que existe um lugar destinado a abrigar todas as coisas que carregamos? Principalmente as frustrações. O presente não comprado, o argumento não utilizado, o amor não compartilhado.

Estirado, diante da nudez da vida, chega-se ao fim. Inúmeras teorias nos fazem imaginar onde esse fim nos levaria, mas certeza não há. Especulações que tornam o caos cotidiano menos sofrido. Quem não fraqueja diante da possibilidade de rever alguém que já não está presente? Quantas pessoas começaram a ter fé na vida após partidas? Ironia, sim, mas a esperança move as pessoas e as ajuda a seguir o tortuoso caminho final com uma (falsa) leveza.

Qual é o sentido da vida? Será que ele existe? Enquanto o buscamos, vemos o nosso corpo se degradar, nossa alma fraquejar e nossa força acabar. Não apenas pelo passar do tempo, mas devido as nossas experiências. Vale a pena viver? Ironicamente, na vida, só temos a certeza da partida. E, enquanto não partimos, temos a dor latente que nos acompanha e os fantasmas que nos assombram. Diariamente, lidamos com eles para, ao final do dia, deitar na cama, acompanhados da ilusão de que vivemos mais um dia, e não menos um.

Paula Vigneron
Enviado por Paula Vigneron em 03/10/2012
Reeditado em 07/10/2012
Código do texto: T3914164
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