EU SOU A TEMPESTADE
Existem dias em que o verão e o inverno se confundem dentro de mim.
Rapidamente cintilantes quarenta graus de sol e luz se transformam em (f)rios de tormenta que me arrastam o corpo e a alma para glaciares de obscuridade.
Sempre que inverna dentro de mim, as tempestades nascem furiosas e o meu ser mergulha em abismos de blasfémia – ah, se o pensamento matasse!
Todos os excessos que o meu universo concebe defraudam e aniquilam sonhos – os meus e os de quem me rodeie.
Nessas horas impróprias, afastem-se de mim e digam que não me conhecem, que sou um qualquer alguém que não é ninguém…
Aí, sim, a confirmação: não sou mesmo ninguém e já nem sequer sei se sou alguém fora dos meus devaneios.
As primaveras são sempre fugazes em mim e os outonos apenas duram o suficiente para desbaratarem as pétalas das minhas flores desmaiadas.
E sempre que desmaiam os invernos do meu espírito, logo germinam verões que inflamam os mais resistentes blocos de gelo, mas nem estes contrastes fazem melhor pois apenas as temperaturas emocionais se alteram – ah, se o olhar fulminasse!
Contudo, mesmo que a escuridão se arraste, é fundamental afirmar convictamente que esta jamais será treva!
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17.04.2012, ValTer Ego