Respostas perdidas

Que bom que estás aqui! Hoje não me sinto bem... Ao despertar com o amanhecer meus pensamentos começaram a me torturar com idéias, lembranças ou talvez sejam perguntas, sim acho que são perguntas, perguntas indefinidas, apenas sinto-as, mas não as compreendo, e o que sinto me faz pensar se a estrada que estou é a certa ou errada, o caminho que escolhi foi o certo ou errado. Talvez já se sentiu assim algumas vezes: ao despertar seus pensamentos meio confusos falam a você lembranças, idéias, que você não entende, como se fosse um mudo falando por sinais e você não entende, e ao longo do dia, os pensamentos gritam, e você não entende o que querem lhe dizer, então o dia fica estranho, depressivo distante de você... Você olha o vazio para enganar seu pensamento e foge lá para sua infância para encontrar um sorriso que ficou perdido no tempo, e refaz o caminho de sua vida procurando as respostas das perguntas que lhe torturam, reencontra os amigos, inimigos, alegrias e tristezas, brinca com as imagens que o tempo às escondeu em suas lembranças. Algumas vezes já se sentiu assim não é?

Sei que o tirano tempo lhe espera, mas enquanto ele não chama queria conversar um pouco, talvez me ajude a entender as perguntas ou dúvidas que gritam e não querem parar, podemos voltar um pouco na estrada que me trouxe aqui, ou se quiseres voltamos na sua, podemos encontrar as respostas perdidas no caminho, então?

Tudo bem vamos pela minha estrada, veja aquela longa elevação, é bem alto, de lá podemos ver bem longe até o caminho sumir no horizonte, o sol está quente e lá tem uma linda árvore e sua sombra é muito agradável, podemos ver a sua estrada também. - Olhe, lá depois do horizonte era minha infância meus pensamentos me despertavam todas as manhãs sorrindo e brincavam comigo ao longo do dia, já lá naquela curva com um pequeno declive começava a minha adolescência, também tinha dúvidas, mas eram diferentes, meus pensamentos me falavam que eu continuasse andando que mais na frente encontraria as respostas, que elas estariam me esperando à beira da estrada, e realmente estavam esperando, mas junto com as respostas outras dúvidas também me esperavam e me fizeram companhia até aqui.

Bem essa é minha estrada, e a sua? Vejo nos seus olhos que também está lá longe correndo pela sua estrada quase sumindo na poeira do tempo tropeçando nas lembranças, sorrindo com as imagens que encontra, e também mais sério ao encontrar imagens tristes. Não sei onde encontrar as respostas para meus pensamentos, o que achas vou encontrar?

Sabes que às vezes sinto que deveria ter seguido em outra estrada, mas que certeza teria que lá também as perguntas e dúvidas fantasmas não estariam me esperando, escondidas em um falso amigo, mascarando um político corrupto, ou embriagando um empregador pela ganância e me sugando cada gota de suor ou talvez me arrancasse à vida sorrindo com homens e crianças que são suas marionetes, como fazem diariamente na violência urbana. Bem, para essas dúvidas é mais fácil encontrar as respostas, ou pelo menos parece ser mais fácil, não é?

As dúvidas e inquietações pragmáticas que convivem conosco, que nos perguntam e também respondem, essas não me perturbam porque são aparentes, mas as que se escondem dentro de nós, que vestem o desconhecido e perturbam nossos pensamentos, essas sim me deixam inquieto e às vezes triste. Não sentes o mesmo?

Ao despertar a cada manhã escuto os gritos dos injustiçados e as gargalhadas da injustiça, os gritos são fortes e ecoam nos vales, vou pela minha estrada seguindo-os pelo eco e espero um dia encontrá-los, talvez estejam com eles às respostas dos meus pensamentos... É! Acho que as respostas não ficaram na estrada, não perdi na estrada, perdi dentro de mim.

Desculpa-me! Tomei seu tempo e acabei falando de mais, mas como falei precisava conversar, se quiseres pode ir, seguirei meu caminho, mas já que a tarde cai vou esperar para ver o sol pintar as nuvens com seu vermelho dourado e desaparecer no horizonte e também conversar com os passarinhos, veja começam a chegar, muitos dormem aqui nessa árvore, se eles quiserem me ouvir falarei com eles até a noite chegar!..

Agora vá faça companhia ao sol que também se vai, outro dia conversamos mais...

Petrópolis,1 de Novembro de 2009.

Vanderlei Bogen