O IDOSO

Daqui da minha cadeira de balanço

vejo o quanto os anos nos impingiram.

A árvore quando em criança plantei

já sombreia daqui ate lá fora

onde descanso algumas vezes

ainda carcomido, muito embora.

Os óculos que dantes nãos os tinha

ornamenta e escorre na ponta meu nasal

aproximando-me mais do real.

Os anos não passam essencialmente lá fora

arrastam-nos consigo a nossa juventude

que lutei bravamente o quanto o pude.

O tempo é ruinoso

não reverência nem o mais idoso.

Em meu caminhar já necessito de um apoio

uma bengala indispensável bem polida

que é meu sustentáculo

que me leva aqui e acola nesta vida.

As minhas noites de boêmia,

somente as frequento em pensamentos

e os bares da vida

permanecem em meus lamentos.

Volto o olhar para a minha velha e carcomida chinela

vejo o quanto a minha vida é encravada e refletida nela

Arrastando-a pelo chão

aguardando o merecido descanso

o meu e o dela.

Os meus ouvidos já não assimilam mais os sons

as pessoas bradam alto com as suas mãos em côncavo

não é necessário e nem tanto

pois ainda ouço o bastante

para sentir e ouvir o desprezo

deste pobre velho errante.

As resignações não são prerrogativas daqueles que nos cercam

se encolerizam com o nosso caminhar vagaroso e arrastante

olvidam que os mesmos dias passaram em suas vidas

que um dia terão as sensibilidades na pele das mesmas feridas.

Falam de umas festas de uma terceira idade

quisera eu que me fossem levado a ela

mas o período daqueles que nos cercam

são exíguos para este velho matusquela.

O ônus da velhice não se determina pela idade

mas pelo peso do desprezo

que interiormente nos reflete muita maldade.

Somos olvidados pelos cantos das insignificâncias

albergados as vezes em asilos de velhos abnegados

somos postos em esquecimentos

como se fôssemos objetos deteriorados.

As primícias única nos vem dos céus

que nos fomenta um novo descanso

quando outrossim o descanso e desejos são os deles

Que Deus nos levem ao leu

para que não seja nem lembrados

os pertences deste velho divinal

que já repousa nos prados celestial.

Diney Marques