Desabafo, impotência e Hotel Ruanda

Eu não sei você, caro leitor. Mas comovo-me com apenas um tipo de filme: tragédias baseadas em histórias reais. Quando uso o termo “tragédias”, estou referindo-me a genocídios, infrações, guerras, conflitos, injustiças, situações desumanas. Vou abrir um breve parêntese - O que seria um ato desumano? Algo que um homo sapiens seria incapaz de fazer, mas faz? Não vejo coerência ai. Acho que deveriam mudar para ‘atos desanimais irracionais’. Seria mais conveniente. Pois nem os animais usurpam como nós! Sim, a palavra é essa mesmo. Usurpar. Quando alguém mata, usurpa uma vida. Quando alguém magoa outra pessoa, usurpa seu bem estar. Quando alguém vive na impotência, usurpa esperanças de outros indivíduos, sejam eles próximos ou distantes. Bom, o culpado desse desabafo foi o filme Hotel Ruanda. Já vi outros semelhantes, e até piores. Mas foi esse que me fez estar aqui, agora. Pude observar algumas coisas nessa obra.. A ganância cega. O ódio extermina. A vingança destrói. Uma cena, em especial, me chamou a atenção. Em um diálogo, o protagonista, gerente do hotel, afirma com todo o seu resquício de inocência, que as pessoas lá fora (de Ruanda), ao assistirem os vídeos sobre o massacre vigente, se comoveriam e mandariam ajuda, fariam algo a respeito. O repórter, com quem o outro travava a conversa, respondeu que as pessoas se comoveriam sim, mas após balançarem suas cabeças e blasfemarem, dizendo que o mundo esta um caos, voltariam a seus respectivos jantares. E nada seria feito. Isso me remete a várias lembranças, em que eu fui aquela que balançou a cabeça e xingou os malfeitores. Sinto-me péssima por isso. Sinto-me péssima pelas vítimas, pelos agressores, pelas causas, pelas consequências e, principalmente, por ter me sentido tão pequena, a ponto de apenas fazer um gesto com a cabeça!

Bruna Maia
Enviado por Bruna Maia em 31/10/2012
Reeditado em 12/12/2012
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