*** Ciranda Sozinha ***

Estou sozinha!

Tento fazer alguma coisa mas, me falta coragem.

Penso em escrever mas, me falta inspiração.

Quero sair, caminhar, mas me fogem as forças.

Sou a própria inanição!

Quero sorrir, mas não há motivo.

Estou sozinha!

Quero cantar, mas o medo de me julgarem louca,

Abafa-me a voz.

Quero gritar, gritar bem alto

Que estou cansada,

Cansada de estar sozinha, cercada de gente!

Estou sozinha.

Nesse imenso mundo de grandes e pequenos,

de fortes e fracos,

De otimistas e pessimistas,

De amigos e inimigos.

Estou sozinha.

Talvez o mundo seja grande demais,

Ninguém me pergunta ao menos

Se sou feliz.

Todos correm, todos, todos...

Todos giram e giram...

Em torno de quê?

De si próprios! De seu próprio nariz !

Eu sei que estou sozinha.

Entendi isso, quando senti

Minha mão leve, solta

Quando diante do sol,

apenas uma sombra era refletida,

Quando no meio da noite, não ouvi passos,

No compasso do meu caminhar.

Estou sozinha!

Onde estão todos?

Eu preciso vê-los!

Venha! Dê-me sua mão.

Vamos brincar de ciranda,

Lembrar quando fomos crianças.

“Ciranda, cirandinha...”

E eu giro sozinha!

Sozinha num mundo gigante.

“Ciranda, cirandinha”,

“Volta e meia vamos dar”.

E girando em sentido contrário,

Quem sabe, se um dia

encontrarei meu par?!

[adaptação de texto escrito em 1976]