Pedaços...
 
Trago no rosto um estrondo, um rasgo de dor e angústia, não menor que o escombro,
pedaços de história sem dono.
Haveria talvez a flor de outros dias,
nessa grande apatia, descortino o que valia,
velei minha rasura, como quem espera sorver o sangue. Mataram algo em mim, tento ver aquilo que não senti. Onde foi que me pari, onde foi que me abortaram? E que não me falem dos jardins,
uma rosa de Hiroshima explodiu em mim.
Não me digam das grandes almas, nem das fadas generosas. Hoje sou cacto ambarino, e no rosto trago marcas rubras dilacerantes.
 
Cássia Da Rovare

( Da série maldita)