Alma ...
 
Nestes caminhos cruzados dos dias, por vezes preciso parar e sentar-me na escada do tempo, e em pausa
contemplo imagens abstratas que entram nas divisões,

desse templo alma. Na verdade não posso esquecer as perdas durante esse percurso sinuoso. Não deixo de sentir a força, que chega-me daquela luz que entra como flecha naquele cantinho, só meu onde entro eu. Nada mais sou, que este pedaço premente, essa poeira permanente que aprendeu flutuar suavemente, entre o ausente e o presente. É um rasgo que desce desse canto, que ilumina, me constrói e me guia, nesta viagem ao longo desse rio sem margens. É a noção, a poção, esta silenciosa cognição. Este som multifacetado, que me lembra os ruídos do mar, uma melodia que parece laivos de oração. É o amor, é a dor, é a fortaleza sendo construída pelo tempo. É o portão pesado, já gasto pelas incertezas, pelo vento, que acabou ficando transparente e quase perdeu a cor. É a solidez, a convicção, uma interna determinação. Quem sabe sempre foi essa, a verdadeira vocação. Talvez um dia eu alcance o esplendor dessa verdadeira imensidão...
por hora sou só percepção...

 
Cássia Da Rovare