A Tarde

O sol desfaz a sombra.

O vento leva a poeira

dos poema pichados

nos muros e no chão.

A tarde desgruda-se dos meus ombros.

Cansado,

espero amores

ao meio-dia.

Não uso botas de lã.

Caminho no invisível.

Há metafísicas demais

nos bolsos sem grana.

Ainda insisto na lembrança

de uma velha calça Lee.

Placas furadas indicam:

New York é logo ali.

Camisas desbotadas

guardam suores dos bêbados

moradores das ruas.

Ventos sopram a pele;

lambem as tatuagens,

dragões e serpentes.

Bocas enormes,

cortam fios de seda;

espalham a poeira

do mês, guardada

na sola dos pés.

Sinto o cheiro azedo de Londres.

Ouço o eco das guitarras

nos bares fechados às seis.

Conto os cacos nas calçadas.

Tenho nas mãos, taças cheias

de rum, cubos de gelo

e limão.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 30/11/2012
Reeditado em 02/04/2015
Código do texto: T4012331
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