A Tarde
O sol desfaz a sombra.
O vento leva a poeira
dos poema pichados
nos muros e no chão.
A tarde desgruda-se dos meus ombros.
Cansado,
espero amores
ao meio-dia.
Não uso botas de lã.
Caminho no invisível.
Há metafísicas demais
nos bolsos sem grana.
Ainda insisto na lembrança
de uma velha calça Lee.
Placas furadas indicam:
New York é logo ali.
Camisas desbotadas
guardam suores dos bêbados
moradores das ruas.
Ventos sopram a pele;
lambem as tatuagens,
dragões e serpentes.
Bocas enormes,
cortam fios de seda;
espalham a poeira
do mês, guardada
na sola dos pés.
Sinto o cheiro azedo de Londres.
Ouço o eco das guitarras
nos bares fechados às seis.
Conto os cacos nas calçadas.
Tenho nas mãos, taças cheias
de rum, cubos de gelo
e limão.