O amor secreto...

             Da minha infância!...
 
Quando criança
Eu também tive o meu amor secreto!
Era a minha namorada, mesmo sem que ela soubesse!...
Talvez, também fosse o seu segredo, mas isto nunca a mim me disse ela!...
 
Era do lado do meu pomar de laranjeiras, a beira da cerca, que eu de longe a avistava...  No pomar dela!...

Ficaram em minhas retinas, e em todos os meus sentidos, tudo que se relacionas a estas imagens tão belas!...

Ainda ouço o cantar dos pássaros
saltando de galho em galho nas laranjeiras,
como se estivesse acompanhado o canto dela...


Ainda sinto o cheiro das flores destas mesmas laranjeiras, como sendo o perfume dela...

Em minhas mãos, ainda sinto o calor das suas mãos!...

Por fim, meu coração bate como outrora,
Ao recordar destes momentos de amor
Da minha pequena menina linda e ainda donzela!...
 
As flores de laranjeiras em sua volta
Ou ocasionalmente nos seus cabelos...
Exalavam com o seu cheiro infantil,

Misturando-se e confundindo-se com o cheiro dela!...
 
Por isto, eu a tinha inconscientemente que a essência das flores...
Estas, eram roubadas e reproduzidas da essência dela!
Branquinha, cheirosa e tão bela!... A flor da laranjeira parecia ser ela!
 
Tudo era tão irresistível, que me levava à vontade singela de sempre estar ao seu lado... Além de estar apaixonado por ela, mesmo sem saber o quanto eu já amava aquela menina tão doce e tão bela!...
 
Mas, desde cedo encontrei e vi que havia pedras no caminho!... Ou seja: Havia uma muralha, isto, na forma de uma cerca que existia entre nós...   Bem no meio do nosso caminho!

O que nos impunha limites! É como este  estivesse dizendo-nos: Aqui termina o seu limite, e aqui começa o limite dela!...

É, quando a vida no diz e nos ensina, que ela, a vida é cheia de obstáculos!
E o meu ou o nosso primeiro obstáculo, era esta cerca de velhas estacas de sabiá!...
E, isto era tudo que me separava dela!...
 
Aprendemos assim, a sermos inteligentes, termos força,
coragem e principalmente... Ter fé!

Partindo destes elementos básicos que a vida nos oferece,
construí a minha primeira passagem secreta!...

Foi através desta cerca, que três estacas falsamente enterrada me davam passagem para ir para junto da minha Cinderela!...
 
Como quem não queria nada... Ia chegando pertinho dela... Sutil, lépido, sorrateiro e até desconfiado, era assim, que entrava em seu mundinho sem ser convidado, embora intuitivamente pressentisse a conivência infantil por parte dela!
 
Ouvia-a sussurrando baixinho ou em conversas inaudíveis quando embalando em seus bracinhos, ninava as suas bonequinhas de pano. Via-se ali, o carinho que fluía  no seu gesto infantil, era de uma mãe dedicada.
E assim tambem, fingia não ver a minha discreta chegada...


Era indescritível a minha alegria ao vê-la, com as suas bonequinhas de pano, suas panelinhas de barro, seu vestidinho as vezes amarelinho, as vezes verdinho de chita, como as suas  trancinhas e laços, ou ainda com seus cachos de cabelos dourados, que a tornava mais  bela ainda a minha menina!...

À sombra dos seus laranjais, a menina de vida, ela brincava!...

Com o seu sorriso lindo e estampado no rosto,
Feliz era a minha menina, que sozinha o meu mundo encantava!
 
Copiando os adultos, assim como os nossos pais, me cumprimentava como se fossemos compadre e comadre...
Dava-me bom dia, acompanhado do seu lindo sorriso infantil e com um suave toque de mãos. Fazia-me assim, a sua doce e amável recepção!...

Com o seu jeitinho gentil e receptiva, logo me convidava para em sua casinha entrar! Esta, era riscada ao chão com gravetos de laranjeira... Caracterizava-se ali, salas, quartos, cozinha e banheiros. Porém, era na sala que mandava sentar... O chão era sofá!

Em sinal de boas vindas, vinha ela com o seu bulezinho e xicarazinha ambos de barro, com o cafezinho que acabara de coar!... Assim dizia ela!
Sentia-se o aroma do café quentinho, que sorriamos ao fazer de conta tomar!... De forma graciosa, oferecia-me o bolo que acabara de fazer, e, logo me fazia prometer que para o almoço iria ficar!...

Sorriamos de alegria e de prazer, por que pouco se tinha a dizer...
Neste universo infantil onde pouco ou quase nada se tem a comentar... A telepatia transmitia o prazer de ser e o simples prazer de estar!...


Assim, passávamos horas de puro e de muitíssimo prazer, principalmente o meu que era de estar ao seu lado. Era tudo que a mim dava um infinito estado de ter!...

Nestes momentos vividos de fantasia e pura magia,
depois de adulto nunca sequer eu  lembrei-me
das conversas passadas ali no nosso mundinho infantil
entre eu e a minha menina, a minha pequena amada.
 
Apenas as imagens singelas e tão belas... Foram estas que ficaram!...
Sem roubar um único beijo, sem saciar qualquer desejo,
Vivi ali o maior dos meus sonhos ao lado de quem tanto amei na minha infância feliz e querida infância!
 
Um amor tão puro, cristalino e verdadeiro, amor este
que só existiu na minha vida de menino...
Amor este, que de tão puro... Nunca feriu, nunca magoou, Não deixou marcas!... Apenas doces e lindas recordações!... Pequenas e grandes recordações!  Coisas de um coração também inda menino!...
 
Lembranças que só a pureza da alma de uma criança  poderia  viver!
Um amor tão puro e tão belo quanto o que vivi com ela...
Meu primeiro amor, na minha feliz infância, pode-se dizer!
Os grandes momentos que vivi... Foram felizes  ao lado dela!...
 


O tempo passou,
     A infância acabou,
               E o que me restou...
                     Foram somete às saudades!...
                    Saudades, Saudades, Saudades...
                                           
               Do Primeiro amor... Primeiro!...

 

Francisco Rangel
Russas, 05 de dezembro de 2012.
Francisco Rangel
Enviado por Francisco Rangel em 06/12/2012
Reeditado em 12/01/2013
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