Na selva de Suburbia
Jorge Luiz da Silva Alves
“Quitei meus débitos com o Leão e acertei minhas prestações com os morcegos e serpentes que ousam posar de autoridade abusiva na selva em que sobrevivo: eu, jaguatirica-tiririca-da-porra com tantas feras esfaimadas por minha carcaça, poso de hiena no cotidiano para que a papagaiada local não se ofereça de Jornal Local e comente os buracos de minha rua ou de meus esconderijos...Quitei minhas dívidas com as crias, todos pintos rotos mas felizes com o conforto que proporciono; só assim, posso galinhar tranqüila, sem medo de denúncias surdas para os galos do sistema, desejosos que eu faça pose de Cisne Negro, neurótica rodopiante por papéis insanos nessa jaula dourada chamada sociedade, sabedores que são das gripes suínas e mal-de-vacas-loucas, cínicas tetéias em lagos resplandecentes mas afogadas em segredos indecentes, éguas nervosas por correr em pastos livres mas trancadas em estábulos marmóreos.
Quitei meus débitos com o Leão – sei até onde seu rugido me atormenta – e acertei minhas contas com morcegos e serpentes – apenas para saber onde atingi-los quando a temporada de caça recomeçar: quanto ao restante da fauna, Noé que dê conta numa arca purgatória...e despache todos para a roda do Drummond!”
(imagem de Antoine Hilbert)
http://www.jorgeluiz.prosaeverso.net
Jorge Luiz da Silva Alves
“Quitei meus débitos com o Leão e acertei minhas prestações com os morcegos e serpentes que ousam posar de autoridade abusiva na selva em que sobrevivo: eu, jaguatirica-tiririca-da-porra com tantas feras esfaimadas por minha carcaça, poso de hiena no cotidiano para que a papagaiada local não se ofereça de Jornal Local e comente os buracos de minha rua ou de meus esconderijos...Quitei minhas dívidas com as crias, todos pintos rotos mas felizes com o conforto que proporciono; só assim, posso galinhar tranqüila, sem medo de denúncias surdas para os galos do sistema, desejosos que eu faça pose de Cisne Negro, neurótica rodopiante por papéis insanos nessa jaula dourada chamada sociedade, sabedores que são das gripes suínas e mal-de-vacas-loucas, cínicas tetéias em lagos resplandecentes mas afogadas em segredos indecentes, éguas nervosas por correr em pastos livres mas trancadas em estábulos marmóreos.
Quitei meus débitos com o Leão – sei até onde seu rugido me atormenta – e acertei minhas contas com morcegos e serpentes – apenas para saber onde atingi-los quando a temporada de caça recomeçar: quanto ao restante da fauna, Noé que dê conta numa arca purgatória...e despache todos para a roda do Drummond!”
(imagem de Antoine Hilbert)
http://www.jorgeluiz.prosaeverso.net