Prosa de Amar.

Tantos falaram e falam do amor e de amar, que mesmo não sendo poeta fui impelido. Fosse pela vontade, vaidade ou pelo que tiver sido, só sei que por uma Musa fui eu tomado! Sabem, daquelas da antiguidade grega? Lindas, suaves, inspiradoras e este pensamento foi formado, mas como escrever a intimidade? Como colocar no papel o sentimento, este do qual estou inspirado? Difícil questão e mais difícil ainda resposta, enquanto meu coração transbordava sem rolha, ao contrário da folha, esta em branco vazia, exposta, disposta a se entregar as letras como fazia a meu mando, mas eu não conseguia e ali só olhando fui vendo espantado o espaço tomado, como? Eu não entendia, por letras e pontos, os quais escrevia sem mesmo saber. O que era aquilo? Alguma magia, contida na pena ou feita pra ler, eu não sabia como acontecia aquela cena que só assistia sem participar nem saber.

Ai lentamente, eu fui percebendo o sentimento emergente, era um nascimento, sem sofrimento nem dores de parto, de um farto sentir. Ali a minha frente, naquela corrente louca e demente que eu estava vivendo foi me aparecendo o que realmente era o amar e não era sofrer, não era chorar, era como respirar, respirar pra viver, tão natural que só reparamos quando é anormal, acelerada como o coração de quem ama ou calma demais, como o corpo saciado de quem foi amado momentos atrás, sentindo em seu peito o corpo amado também amansado, suado e cheiroso do ato gostoso de ter se entregado, de corpo e alma, aquele sentimento, que agora é só calma depois do ardor e do movimento a que se entregou junto com o outro a quem se amou.

Ah, minha Musa, muito obrigado por ter me ensinado! E lendo o escrito, o dito e o omisso a minha revelia, sem o compromisso de ser um poeta ou mesmo um esteta, percebi o que antes não via, apenas sentia no fundo do ser. O amor é se dar e não receber, se dar plenamente sem nada esperar daquele outro ente a quem quer se amar, sem egoísmo com plenitude, tirar do ostracismo nossa atitude de se entregar.