A ESTRELA E O DRAGÃO

"Outro dia vi uma estrela cuspindo dragões. E bordava o céu de vermelho, em línguas de fogo. E os dragões eram gotas que pingavam intermitentes, se desmanchando em silêncios. Noites costumam chover solidões. E a brisa murmura saudades de um tempo nem. Quiçá pudesse ver princesas desfilando suas tranças assim pelo céu em caracóis de luz. Prisioneiro sou desses reinos encantados que fabricam mistérios e que me sugerem aquela montanha bem distante, lá bem perto de onde o sol se põe. Naquela montanha, dizem, mora um anjo. Que tem vestes de cristal. E que toca flauta nas dobras do vento. Outro dia ouvi seu canto. E fiquei a imaginar as sereias que afinam seus timbres nas liras das pedras por sobre a crista das ondas do mar. E que murmuram seus encantos nas noites de lua fina. Estranhas paixões me vieram à lembrança. E melancolias e tristezas também. E vi que as estrelas são confidentes das solidões caladas. Eu, prisioneiro das saudades, de repente, queria também saber tocar flauta nas cordas do vento. E, como as estrelas, precisava com urgência, expulsar lá de dentro todos os meus dragões."

(José de Castro)

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De uma belezura sem nome,

na ânsia que me consome,

mata toda a minha fome.

(HLUNA)

Gosto de suas observações poéticas, minha amiga...

José de Castro
Enviado por José de Castro em 08/01/2013
Reeditado em 09/01/2013
Código do texto: T4074473
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