O corvo.

Espreito a vida, no frenesi de tua dor.

Saboreio cada momento, em teu choro.

Sinto de longe, vosso sublime arquejo.

Em teus delírios, vivo na espreita de tuas feridas.

Na luz de teus anjos, vejo a sombria agitação.

Sou infinito... Sou miraculoso...

Estou sempre por perto, nos suspiros de teu mau destino.

Lampejo suavemente a carcaça inquieta!

Em tuas feridas, lambo e faço tua cicatriz...

Na dor de teu gozo, sorrio!

Sorrio a ti, no dia... Sorrio a ti, na noite...

No vácuo de tua carne, finco a adaga partida,

Na escuridão de meu sorriso, te aspiro!

Melancólico, julgas tua má sorte.

Julga toda tua dor.

Sempre julgas!

Faz parte, do quebranto amoroso da matéria

Aos bons anos de tua túnica.

Ah doce túnica!

É razão de tua vida... É razão de tua razão...

Paixão grave, entre o espírito romântico e a febre de teus desejos

Na sombria carcaça caquética,

A cada dor, renova-se nosso sombrio amor!

Inebriante a razão, de nossos viveres.

Fulgor ao aborto, de nossos mais belos destinos.

Estribilho desesperado, de nossa ingênua miséria!

Mas tudo seria tão simples,

E deverias dizer que neste momento, foi o mais feliz.

Limpei teu retrato... Saciei minha nefasta fome...

E, cumprimos nossos destinos!

Fernando A. Troncoso Rocha.