Admirável rua nova

Prestei atenção aos carros antes de atravessar.

Desci da calçada e era um outro mundo.

A casa em frente não era mais a casa em frente, mas um universo, perpendicular.

O cão latia mas era antes um protesto.

As folhas das árvores acenavam, mas não era o vento, era uma respiração difícil.

Parei no meio da rua (que não era bem uma rua, mas um rio que fluía em direção à Avenida Mar) e olhei em torno, onde nada havia.

Quando procurei sua voz entre as buzinas, o cão protestou novamente.

E eu, que não tinha para onde ir, não fui.