ARTIMANHAS...
Se eu fosse viver de artimanhas,
Para esconder o meu sofrer,
Emenda pior que o soneto,
Revelaria outros medos,
Pior do que o de te perder.
Seria aquário transparente,
Veria meu leito corroer,
Seria algo deprimente,
Trovão, inferno, minha mente,
Voltar de lágrimas a chover.
Acaricie esse meu ego,
Ao menos o que dele restou,
Por amor próprio, o que é isso?
Faça-me esse sacrifício...
Diga-me que nada acabou.
Se não der me avise,
Mande um bilhete qualquer,
Já me acostumei a tua falta,
Saudade me é uma coisa farta,
Que aceito o que de ti vier.
Pena, dó, sentimentos,
Tudo, nada, menos o esquecimento,
Isso já seria outra estória, minha escória,
Assim seria esmo, eu mesmo,
Carregado pela mesma brisa que te trousse,
Agora me arrancando numa noite,
O que por toda minha vida não vou ter,
Artimanhas... Artimanhas,
Tua manha...