imagem: A persistência da Memória
- Salvador Dali - 1931








     LINHA RETA
 


Foi-se a época
em que ignorava essa grandeza ou mesmo sua importância
Tinha-a de sobra, em soma infindável,
o que sempre a deixou em segundo plano, quase esquecida...
Mas sempre esteve à espreita, numa marcha incansável,
aprisionando a existência, formando história...
Como um carrasco silencioso,
aguardando pacientemente sua vez!
A vez de cobrar sua importância, de se mostrar a mim,
me fazer notá-lo... e contá-lo!
Se fazer presente,
e entender que sua existência não é casual.
 
E o seu antigo marcador:
- tic... tac... tic... tac... tic... tac...
alheio a toda inércia e miséria,
zombando de minha inocência,
de meu desnorteio...
Sem trégua la vai ele, sem cansaço,
compassada e insistentemente,
no mesmo ritmo:
- tic... tac... tic... tac... tic... tac...
 
E você aí dançando nas letras,
inocentemente, incrédulo...
- tic... tac...
zumbizando...
- tic... tac...
e lá vai ele...
- tic... tac...