Quem é aquela?

Quem é aquela das mãos de vidro, que corta ao acariciar; que tem brasas nos olhos e alfinetes nos seios; aquela, cujas tranças são adagas belas e fatais? Uma aspirante a qualquer coisa, uma sombra, uma peregrina que vai sem deixar pegadas. Ela aspira júbilo e expira martírio. Quem é essa que desejo pôr em um pedestal, imortalizando todos os seus esplendorosos defeitos? Sangue cor de carmim desliza por seus lábios nutridos por farpas. E seus pés de mármore excluem toda a vida pelo caminho, sem esmo de misericórdia. Enquanto a venero, minha presença é enfim constatada. Sou alcançada e instantaneamente meus olhos queimam; do meu corpo fogem com a brisa lascas de pele e sinto alfinetes penetrando meus seios desprotegidos. Ela não diz nada, não demonstra nada, apenas permanece abraçando-me até que eu dê meu último suspiro.

Bruna Maia
Enviado por Bruna Maia em 07/03/2013
Reeditado em 17/02/2018
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