O quarto

Toda vez que enlouqueço, que me farto e padeço... algo me consola...

Pequeno e acolhedor, afaga toda a minha dor. Um canto isolado, no calor, abafado, com uma parede colorida de rosa faz transbordar toda a emoção que estava escondida em meu coração.

Sofro quando viajo, pois não posso nele me afugentar; sofrimento calado quando tenho que arrumar, mexer, tirar tudo do lugar. Sinto mexer em minha vida, bem lá no fundo do meu íntimo, ínfimo feminino de menina-mulher que ainda brinca.

Os anos se passaram e ele ainda conserva traços do meu nascimento, da minha infância da minha adolescência, da minha agora maturidade. Tudo isso o transforma em um novo universo - o meu lugar - numa mistura louca que faz encantar, mostra o que sou, acolhendo o que restou e esperando com seus poucos espaços vazios o meu futuro. E nessa mistura de bonecas, livros, sonho e realidade eu me encontro, eu me encaixo. Falo isso porque sinto que faço parte dele da mesma forma e força que de mim faz parte. É loucura, eu sei, mas esse é o meu quarto.

Quem está lendo deve estar com curiosidade, desejando conhecer o objeto de minha descrição, porém relato. O encanto não esta nos olhos, não mesmo, está na alma florida que sorri, aquela que pode enxergar e não simplesmente olhar. Só essa poderia ver o seu encanto e sentir o seu portal. Porta que me leva as mais incríveis aventuras, a lugares que só a imaginação de todas as crianças do mundo poderiam construir e imperar.

É no repouso de uma cama de ferro bem branquinha que tenho as mais lindas inspirações... E é quando acendo a luz de um abajur amarelo que tenho os mais lindos sonhos...

Nele me sinto preenchida, tomada pelas coisas que mais me agradam no mundo: a paz, o amor, o estudo, a música, o escrever...