"O verdadeiro amor é encontrar seu contra ponto em outra alma"

Mesa de bar. Avenida Paulista. Sexta-Feira. Muita... muita chuva. E os amigos discorrem sobre amor e mentiras. Certo e errado. Tesão ou competência espiritual.

T.R. - Me conta, como foi a parada meu amigo?

D.R. - Acredito que ainda não tenha sido totalmente. Estou em processo de crescimento humano e espiritual. É mais um lance de purificação e abandono de costumes, saca?

T.R. - E como você tem trabalhado nisso?

D.R. - Olha... é bem dificil, mas o lance é você saber fazer as escolhas. Ao invés do remedinho antes de dormir eu tenho fumado um meio cigarro e tomado um copo de café. Ao invés de leituras hedonistas, eu de certa forma tenho procurado me conectar um pouco mais a Deus e ao meu espirito.

T.R. - E tudo isso inspirado pelo sexo frágil, alias, por UMA do sexo frágil?

D.R. - Olha baby, se é frágil ou não... não vou saber te afirmar. Mas tenho percebido que frágeis somos nós.

T.R. - Convença-me...

D.R. - Pois bem. Qual a dificuldade de levar mulheres pra cama. Beber com elas. Usar de verdades modificadas pra conseguir nossos objetivos. Talvez fumar um charro na janela do apartamento. Dividir meia dúzia de orgasmos e lágrimas de felicidade por parte delas?

T.R. - Sinceramente, não é muito dificil.

D.R. - Eis a questão. Experimente deitar-se com uma só mulher. Beber com uma só mulher. Usar verdades, apenas verdades. Não fumar mais os charros nas janelas e ao invés disso, dividir experiencias passadas e presentes e ouvir sobre o quão pobre de espirito você é sendo que tem potencial pra mudar o mundo. Você sentir necessidade de superar e demonstrar o seu amor por ela a cada cebola picada, a cada verso, a cada fotografia, a cada palavra mal colocada, a cada gafe e a cada penetração destrambelhada e ainda assim... CONSEGUIR fazer isso e essa mulher te ver como o cara mais fantástico do mundo. Ela aceita tuas diferenças. Ela vê o verdadeiro amor em cada contra ponto da tua alma.

T.R. - É realmente um mundo selvagem.

D.R. - Pois é. Você tem que matar um leão por dia. Enterrar um passado por dia. É basicamente se converter à uma Deusa que tem o poder de te levar ao céu a cada mensagem, a cada bronca, a cada xingo, a cada respeito que ela demonstra pelas suas fraquesas... e olha... voce descobre que tem MUITAS fraquezas.

T.R. - Agora conte-me... você, sendo o que é, ou aparentemente era, e com o passado que tem. Como está se sentindo nessa posição de pré-submissão psico-amorosa?

D.R. - Eu me sinto uma criança que acabou de largar o maravilhoso peito da mãe e está aprendendo a andar tomando muitos capotes. A sensação é de liberdade, de poder, de desbravamento, de desprendimento. É uma contemplação inexplicavelmente dolorosa e apaixonada. Alguns chamam isso de Amor. Eu gosto de usar o termo "Vida".

E eles continuaram bebendo e não concordando muito entre si.

Di Rodrigues
Enviado por Di Rodrigues em 21/03/2013
Código do texto: T4199982
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