O pavão

“O tédio, porém, domina a gente.” Bazárov

Além do mais, poder-se-ia citar aquela outra frase famosíssima de um filósofo inglês que dizia o seguinte "O homem é o lobo do homem”. Pareço pessimista, e o sou mesmo. Mas não há prazer nisto. Assombro-me com a miséria humana e seus atos truculentos que despedaçam corações. Mas será que existem corações dignos de salvação neste mundo? Nem talvez o mais virtuoso ser tem o coração puro como a lua. A existência humana não exibe nenhum engajamento, e parece que em nossa época faltam pessoas que saibam mudar a realidade. O exibicionismo exacerbado denigre ainda mais o que restou do pobre ser racional. Custo-me a acreditar que caímos nesse abismo. O quer que tenhamos feito na vida anterior, parece que Deus Pai não nos rogou uma praga que assassinaria metade da população como outrora, mas sim que o individualismo fosse a pior das coisas existente nessa época. O que os gregos levaram anos para construirem, outros tantos foram suficientemente feitos para descontruírem um legado político e uma sociedade que se dedicasse ao bem comum e não só a seu ego. Mas não me cabe criticar ninguém, eu não sou tão diferente de todo o resto. Eu faço parte desta decadência assim como qualquer outro. Nos falta engajamento. Nos falta o desejo de projetar e reveter. O que não existe é o devir, a ânsia em modificar o presente desejando o futuro. Não, nós não desejamos mais nada do que a nossa felicidade individual. Estamos divididos em tantos grupos, tribos, gangs, seja o que for que contenha um grupo de pessoas, todos querem apenas tirar proveito próprio sem pensar em algo ainda maior. Algo que mude o todo e não só determinadas camadas. O que mais vemos é isto: o egoísmo sucumbindo tudo. Talvez nos falte grandes líderes para que o povo saia do tédio e deixe de lado a comodidade. Eu não sou melhor do que ninguém, porém, eu já desejo mudar. Mudar a mim mesmo.