Mais do mesmo?

Uma nova página começa a ser escrita. Apenas o rascunho de um rascunho, mas como todas as páginas em branco recém-defloradas, pensa ser uma obra-prima. Ela pensa em belas palavras como felicidade, mudança, experiência, sonho, determinação. Mas as palavras nela marcadas são outras: frustração, loucura, conformismo, desesperança. Inércia. Palavras borradas já bem conhecidas, sem beleza alguma. Inveja as músicas que o autor ouve, elas são tristes, mas tão lindas! Por que ele não se inspira? Enquanto pensa nisso, percebe que ainda há um bom espaço a ser preenchido, e o autor o explora de forma sublime, nunca havia escrito assim. Sentindo uma certa inquietação, vê que as palavras desejadas ainda podem caber ali. E entre os novos borrões, se aproxima algo até então desconhecido: esperança.