Flor de idade
Quando abelhas se narcotizam
com flores, revirando polens,
garimpando mel... com zunzuns de asas
excitando o ar, suspendo-me
também com imperceptíveis movimentos...
treme (luz) nos olhos
um doce de saudade,
como um agito de pote
misturando lembranças.
Balanço no sopé do ‘morro’,
respirando ávida
pela vida
entranhada no campo.
Prendo a flor da nostalgia
na fronte, enquanto
outrora 'balança
atada' na varanda.
Se abantesma assim
uma casa de madeira
enviesada pro sul
com o sol queimando-lhe a costa
instigando o telhado a
empurrar-se em sombra
até um rio defronte...
E a janela que embolsa tudo o que vê
e sobre ela, a mão amparando queixo
suspirando estórias de matos...
Uma menina correndo com pés descalços
quebrando folhas, dependurando-se em galhos,
assustando gafanhotos, periquitos, papagaios...
Pulando a janela e namorando o telhado;
uma cesta de contos de fadas sobejando quimeras...
entre ‘zunzuns’ de abelhas
saudades...
saudades
da flor de idade...