Até o Último Instante

Como posso viver com tanta angústia no corpo, ocasião de tantas tormentas mentais, por um devido amor que não se pode ser correspondido e nem ao menos ser dito. Pelas fagulhas desse amor permanecerei a procura do entardecer, não ao que todos vão a busca, pois o meu maior sentimento jamais poderá ser abolido mesmo que eu desejasse apaga-lo da mente, sempre retorna como um grande círculo de fogo, porém, prefiro amar a ser uma pedra de onde não fico muito distante do caminho.

Morrendo aos poucos como um verme falece ao seu remédio, questão de não sentir apelo por nada em que eu possa fazer, no entanto o desprezo de minha própria carne e assim posso reclamar em direito de total mutilação. Já não sei mais como a mente pode até hoje ser tão forte ao suportar desta neblina onde não se torna jamais fervorosa, fazendo do carma uma tradição de neve e fundos infinitos.

Desejos não me faltam ao alcance de todos os imortais fiéis que estão em meu recinto, por felicidade nenhum Ser impuro pisa aqui, e por fim estou em casa, onde só me falta a alegria da coberta molhada e pesada sobre o meu corpo já que os companheiros de rejeição estão a minha espera para logo me roer e fazer assim um dever de realização. Antes fosse o respeito pela minha decisão para a eternidade correr afora em disparada, caminho este cheio de desvios e orifícios fora os animais a minha frente para derrubar-me ao longo das passadas. Pergunto-me quando terei sossego destes carneiros negros que me assombram todos os dias de minha horripilação, enfermidade dos ossos assim como a mente que de tão intensa angústia se fez cair em repelência total, insatisfação de tudo aquilo em que abre em meu corpo repugnante e insano aparente.

Portais fechados para a minha entrada nem por meu sofrimento eles tendem a abrir, até neste momento me rejeitam em um antro hostil, dos piores é a demora por tantos segundos onde esperei a minha entrada neste local onde se situam os mais sinceros humanos românticos em atual estado de decomposição. Não posso compreender tamanha tolice de mentes em que impulsionam a retrair por algumas palavras em julgamento de um simples ideal, o do querer ser amado.

Alex Fonseca
Enviado por Alex Fonseca em 26/03/2007
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