Coisas minhas
(Claude Bloc)
 
Apenas parei sem querer, naquele canto da estrada. Não mais, não menos.

Daí, andei meio sem rumo em busca de nada, ou talvez de mim, quem sabe, assim e sem eira nem beira... De mim em mim, ao calor da tarde. Coisas minhas, coisas no pensamento.

Andei mais um pouco e senti entre os dedos aquela grama, aquela água, aquela areia perfumada de saudade. Bem perto, aquele cheiro de terra molhada, aquela sombra e eu...

O tempo era um vão escancarado, diante dos meus olhos quase abertos, absortos. Segui, parei e fiquei ali indefinidamente. Deitei-me de costas naquele chão, Naquele espaço ainda luminoso, apoiando a cabeça nas mãos sobre a grama úmida.

 Saudade úmida passando por perto. Noite chegando devagar...E então fiquei olhando a lua se achegando. Se olhando no espelho d’água. Quarto crescente, sonho crescente para um olhar assim como o meu tão ausente.