Sobre cavalos e cabrestos

Se eu pudesse escolher

preferiria ser um cavalo selvagem

a correr livremente pelas extensas paragens

o vento tombando minhas crinas jamais aparadas

o destino incerto guiando meus passos

sem sela, sem laço

sem qualquer tipo de amarra

Tendo o céu como teto,

a selva como casa

a relva como cama

Estaria em constante perigo

sempre à mercê de algum inimigo

mas qual é a vida que não é repleta de riscos?

Porém não tenho escolha

irrevogavelmente preso à minha débil condição humana

cheio de amarras e laços

e um cabresto que só me permite enxergar

minha própria imagem e semelhança

Resta-me assim, tão somente

admirá-lo em seu porte imponente

e invejar sua vida em total liberdade

Pois esta a mim foi negada

no exato instante em que me impuseram a sina

de nascer nada mais que um simples homem.