Loucos
Que atire a primeira pedra
Aquele que for mais normal
Que beije e enlouqueça a boca
Aquele que a loucura é pouca
Os loucos têm no saber
Tudo o que não lhes permitem ser
Voam baixo rente ao chão
Mas num minuto viram um avião
Relampejam bradando ao céu
Desnudam-se e passeiam ao léu
Sua vida é um gosto de fel
Mas com dedos lambiscam mel
Com a língua provam de tudo
Se alienando dissabor do mundo
Seu abismo é profundo e senil
Sua mente é louca e pueril
Voam feito lume de vagalumes
São loucos e inalam perfumes
Por serem verdadeiros e diferentes
O avesso de tanta gente
Os loucos são mais felizes
Porque normais são as matrizes
Os loucos são só amantes
São vultos são só nuances
Sem lucros e sem brilhantes
Da vida são aspirantes
Os loucos são loucos
Sendo diferente de todos
Mas os iguais são normais e banais
Os que os tornam loucos iguais
Os melhores amantes são loucos
Os amantes normais são tão xucros
Pouco intensos não propensos
Aos delírios faltam tino e brilho
Falta ser louco de paixão
Ser maluco e seduzir o coração
Falta tudo e falta nada
É uma alma ensandecida
Pra sanar tem que aprender
Quão louco se é na vida
Também me declaro louca
Porque adoro beijar na boca
Pense bem e raciocine além
Quem dessa loucura se abstém?
Já foi dito e está escrito
Uma coisa que acredito
Ser louco é tão bonito
E como ser um rascunho
Do infinito
É ser um rabisco
Um eco de um grito...
Só os loucos é que sabem
Sonia Gonçalves 17/05/2013