Nasce um Novo Sudão
Jorge Luiz da Silva Alves





Um novo Sudão nasceu ao sul: a geopolítica do imperialismo assim desenhou suas fronteiras, pois ao norte de qualquer outra parte do globo estabelecera-se um mundo antiséptico, dentro das regras da ‘civilidade’, enquanto tudo ao sul será sempre um buraco (fedorentamente) mais embaixo...
...bom: um certo Sudão nasceu ao sul; viverá de rações (des)humanitárias, com seus filhos estuprados cotidianamente pelos camaradas Kalashnikov, Nike e Bulgari; multilíngüe, terá várias capitais: Serra Pelada, Letícia, Dacca, Cabul, Freetown, Mogadíscio, Tijuana, Pedro Juán Caballero, Grozny; e sua renda per capita avaliar-se-á pelo número de cabeças apodrecidas por ideologias, fanatismos religiosos e desmandos...
...e parira-se um tal de Sudão, bem ao sul de toda e qualquer humanidade: filho bastardo de uma vadia chamada miséria, sobrinha de uma puta chamada violência, neto de um megalômano intitulado Capitalismo e descendente direto de uma casa dinástica conhecida por ganância, esta aberração traz em seu código genético tudo de mal produzido pela pomposamente chamada sociedade. Milênios de evolução humana para cuspir ao mundo outro quase-aborto geopolítico, apenas para que as ‘nações amigas e unidas’ possam olhar tranqüilos para o espelho e recitar, feito a madrasta dos contos de carochinha, se “existe algum outro ser mais bonito, forte, esperto e sadio do que eu?”...
...enquanto os obstetras do planeta arrancam mais esse cordão umbilical com os dentes da desesperança... 


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Jorge Luiz da Silva Alves
Enviado por Jorge Luiz da Silva Alves em 02/06/2013
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