A amoreira do Meu Quintal

Árvore plantada, por mim cuidada...
Por Deus adubada e iluminada...
Era uma árvore frondosa sempre cheia de vida
Por Deus concebida minha amoreira querida!
Tinha uma folha apenas,
Quando foi trazida

Com o passar dos anos ficou linda e cheia de vida
Hoje podada, não brilha mais
Perdeu o viço, perdeu as folhas
E os seus ramos de tantos anos
Tudo ao chão por um engano
Que diz podar para renovar

Mas como assim?
Vem diz pra mim!
Por que matar para poder nascer?
Por que tem que cortar pra depois crescer
E depois podar para rebrotar?
E tudo de novo volta á acontecer!

A natureza mesmo faz sua poda
Mas nunca é de uma maneira drástica
É uma poda tão bonita
Onde folhas são lançadas ao chão
Plainando suavemente com o soprar da brisa
Em pleno outono, primavera ou verão

Com a aproximação do inverno
Vão amarelecendo e apodrecendo
E folhas no chão vão aparecendo
Mas nessa renovação da natureza
Tudo tem beleza
Quando um ramo apodrece podemos notar

Que um broto novo lá já está
Só dependendo da chuva para nascer
Da luz do sol para crescer
O inferno deve estar cheio de árvores cortadas
Coitadas se dizem podadas!

Podadas, traduzindo, impedidas,
Desmembradas, desgalhadas,
Desbastadas dos excessos!
Como uma ovelha tosquiada!
Como um anjo sua asa quebrada!
Como uma ave sua asa podada!

E do ser humano o que se poda?
Nada!
Seus ramos inúteis ou fúteis
Sempre estarão pela vida levarão
Sem nunca alguém que lhes diga
Vamos podar sua cabeça para que outra aí cresça

Encrenca!
Como machucar sua essência...
Para quê podá-la?
Para quê perdê-la?
Para quê detê-la?
Deixa-la crescer livremente pelos céus!

Que sua poda seja feita pela chuva ou pelo vento
Pelo tempo que é sábio e sabe o momento
Esses fenômenos naturais
Acariciam sua essência
Pense!