DOIS

Corro, mão no volante,

carro esporte. Vida em morte,

carro mais possante!

Eu, cabelos negros e curtos

que recobrem todo meu crânio,

parece grama recém aparada.

Sobrancelhas encimando,

como dois acentos circunflexos,

vida em reflexos!

Olhos pardos, nariz amarrotado!

O conjunto parece assustado!

Ela, minha altura,

belo corpo, bela cintura!

Cabelos avermelhados,

ao vento revoltados.

Dois olhos imensos e verdes

levam a pensar em dois sinais!

É claro, de trânsito aberto,

piscava-os repetidamente!

Madrugada avançou,

e eu avancei o sinal.

Dois, eu e o carro...

Dois, eu e ela...

Dois, seus olhos...

Dois sexos...

Dois circunflexos...

Depois...

Ilha Solteira, 12/06/1984

Nelson M Teixeira ou Nelmite
Enviado por Nelson M Teixeira ou Nelmite em 05/07/2013
Código do texto: T4372757
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