Inconstante

Tudo isso, este contexto, estas vozes, este lugar... Eu não o pertenço e, tampouco, ele me pertence! Repulsa é o que sinto, uma dor que remói e corrói meu estômago, numa mescla entre desespero e cólera. Eu só quero me libertar. A fé parece inalcançável e esta imensa caixa de concreto parece uma fantasmagórica e surreal armadilha.

Voar. Por que parece tão difícil? Meus pés parecem acorrentados ao chão. À este chão. Mais um dia torturante, precedendo mais uma noite mal dormida. Sacrifício?

O gosto amargo vem à boca e o corpo parece ser consumido por estranhas chamas. E, ainda mais uma vez, nada da paz. Castigo?

Seguimos esperando por dias melhores. A sabedoria nos guiará. Porque o desejo, agora, é de vida. Vida acima de tudo. Vida verdadeira. Vida presente no verde das folhagens da mata virgem. Presente no olhar dócil dos cães. Presente no caminhar sorrateiro do felino. Presente na alma do homem que ainda não se deixou corromper pela sede insaciável de ouro.

Fernanda Bess
Enviado por Fernanda Bess em 22/08/2013
Reeditado em 23/08/2013
Código do texto: T4446555
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