Estações

Olhando para ti, oh linda árvore, me pego tomado de inveja das vantagens que a natureza te propõe, quando faz morrer as tuas folhagens e evidenciam o teu sofrimento, mas logo passa-se o tempo e a mesma natureza que te arrancou o que há de belo, traz um renovo e reverdeces os teus galhos, outrora amarguradamente secos; então votas a dançar alegremente no ritmo apreciável da música do vento.

A diferença notável entre mim e ti, árvore, é que a folha do meu coração não cai nos outonos da minha vida, antes, se murcha por dentro e sofro amarelado. E enquanto espero meu coração secar-me, ansiosamente aguardo que um amor venha reflorescer os mais belos sentimentos que antes existiam em mim; espero desesperado a primavera da minha alma, pois não sou como tú, linda árvore, que entre o transitar das estações, tão pontuais, sofres e logo voltas a sorrir; antes vivo eu no inverno da minha alma, sem expectativa de um raio de sol que me traga o renovo de amar.

Oh árvore tão bela! És feliz enfim, porquanto necessitas de um simples tiquetaquear do relógio do tempo para revigorar as tuas forças e renovares os teus brotos. Eu não; eu preciso de um amor para me fazer verão.

Jesrael Medeiros
Enviado por Jesrael Medeiros em 23/08/2013
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