Olhos Enigmáticos

Ele leu todos aqueles textos que mandei e os elogiou tal qual fossem realmente bons.

Se encantava por pequenas coisas que eu fazia, dizia, ou com as quais me importava.

Aliás ele se encantava de verdade pelas coisas. E isso, por si só, já era, e eu não poderia deixar de repetir, 'encantador'.

E, caramba, ele se importava comigo. O cara de olhos enigmáticos. Não fazia sentido no começo e até hoje é meio mágico.

Pediu que eu lhe escrevesse um texto, mas nem mesmo ele acreditava que eu o faria. Disse querer saber como eu o via. Ou como eu achava que ele me via, já que não fazia ideia se os textos que lera houvessem sido escritos para pessoas de verdade. Não fazia ideia de que escrever é a forma mais poética de se fugir. E que eu não escrevia há tanto tempo e, por tal razão, fugir se tornava cada vez mais complicado. Mas, claro, é também efêmero, já que você não pode se esconder das pessoas para sempre. Não que eu nunca tenha tentado me esconder dele. Mas, ah, como poderia continuar com aquilo?

O cara de olhos enigmáticos já foi culpado por muitos crimes que não cometeu. Mas me manter longe das pessoas era a única forma de não ter de lidar com nenhuma partida. Ou outras coisas partidas, como o meu coração, por exemplo.

Ele me olhava daquele jeito, tão intrigante e assustador, e eu só queria manter a maior distância possível. Mal sabia ele da verdade por trás do meu comportamento. Mal sabia eu do quanto precisava conhecer alguém com o coração como o dele para me sentir bem de novo.

E pensar que hoje, naquelas ambientes tão opacos, cinzentos e cheios de gente, a simples aparição dele faz com que tudo se ilumine. Ele adivinha meu estado de espírito e promete me proteger de tudo, embora os dois saibamos que não pode. E a decepção que sente de si mesmo quando me machuco é... Adorável. Ele diz que eu não posso fugir e me esconder das coisas que sinto. E fica bravo comigo porque continuo fazendo. Ele não me julga e, melhor que isso, me conhece sem as máscaras e gosta de mim mais ainda por isso. Mesmo tão imperfeita.

Ele me olha de uma forma tão doce que é impossível não me sentir bem. O jeito que sorri e todo o carinho que tem para comigo, o cuidado, a preocupação, me dão tanta segurança que até me esqueço de como era não ter essas coisas. Me faz tão feliz. É tão fácil gostar dele. Como eu não percebi antes o quanto precisava dele por perto?

É incrível a forma como certas pessoas tenham a mágica de fazer com que, com elas, nos sintamos em casa. O tempo passa e mais eu me acostumo. E a cada dia, ele pega o meu medo e o desconstrói, e o enfraquece, e o torna tão bobo e ingênuo que ele se esquece de existir. E só deixa aquela vontade de estar perto, de ser o meu melhor para cuidar da felicidade dele também. Não há muito o que escrever no texto que ele tanto pediu. Nada que eu já não lhe tenha contado. Hoje em dia, cara de olhos enigmáticos, eu só tenho tenho a dizer 'obrigada'. Por ser como é, por ter paciência comigo, pelo carinho, e pela sua amizade, que me faz tão bem.

Melissa J
Enviado por Melissa J em 24/08/2013
Reeditado em 03/12/2014
Código do texto: T4449340
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