Sociedade

Semblantes nas ruas do Rio de Janeiro passam sem se importar muito com o que observam. Sombras que pisam uma nos pés das outras e não pedem desculpa. Ainda me pergunto cadê o senso de liberdade dessas criaturas, porque acabam invadindo a propriedade dos outros, ao roubarem um pedaço da unha que pisara.

Em toda esquina, há uma mudança de planos e por consequência, essas pequenas criaturas mudam de lugar. É bastante difícil segui-las.

Uma vez eu tentei.

Misturando-me com o sem sentido e também com o abstrato, acabei por me esconder atrás de um poste. Um poste comum, preto, com uma fonte de energia em seu ápice. A hora passou tão rápido, e aqueles supostos minutos que fiquei encarando a luz, me fizeram ficar com a visão turva. – Não o deixe fugir! – Pensei. Mas já era tarde.

Fiquei sozinha.

Sozinha comigo mesma. Com um pouco de humor, se você for pensar por esse lado, nunca estará completamente a sós. Até porque, semblantes e sombras hão de te assombrar, de te perseguir.

É assim que é o mundo.

Por entre cada corredor, da mesma maneira que tentei seguir uma criatura nessa correria, há alguém que irá pelo o seu mesmo caminho. Tropeçará e da mesma forma que tirará sua unha, se incorporará no seu ser.

Relações são tão engraçadas que só rindo...

Júlia Câmara
Enviado por Júlia Câmara em 15/09/2013
Código do texto: T4483315
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