Escrevi... Saiu assim...(Desafogo?)

Escrevi... Saiu assim...(Desafogo?)

Hoje não queria fazer poema não.

Queria deixar fluir o que vai em mim, pelas veias e vias da vida...

Numa tarde quieta...

Nublada. Escurecida...

Quase desmaiando...

Não queria pensar nas palavras...

No que escrever...

Queria me ter...

Ser...

Ir...

Derramar...

Deixar correr sem pressa...

Sem meta pra terminar...

Sem começo pra começar, sem meio...

Sem fim...

Não sei bem o que sou...

Às vezes me vejo estranha...

Como alguém que paira...

Levita sobre si...

Sobre a sua própria vida...

Mas às vezes sou turbilhão...

Arrastada pela corrente pedindo um bote salva vidas-uma vida...

Uma outra vida...

Várias vidas em mim...

Já perguntei um dia: quem me salva de mim , senão eu e Deus?

Não estou nem aí pro verso...

Sou um movimento, sem verso, sem traço, sem linha, sem curva, sem, caminho, sem eu...

Sem tu...

Um eu sozinho...

Movimento reverso...

Avesso?

Retrocesso?Mergulho?

Escuro...

Com os olhos abertos às vezes paro pra olhar a luz de dentro de mim...

Olhos fechados... São várias as cores que se vê no escuro...

Várias...

Ao apertarmos os olhos... Ou ao pressionarmos o globo ocular com os dedos as nuances de luz se diversificam...

Ficam cores outras...

Multiplicam-se encadeadas...

Que estranho... Como a rima vem atrás de mim...!

Vou escrevendo... Não quero rima... Mas ela vai chegando... Como agora...

Aproxima-se...

Que coisa louca essa viagem de letras, de teclas, de movimentos que parecem involuntários!...

Olha, não são pensados...

Eles brotam...

Ou explodem?

Vomitam? Vomitam é forte, né?

Parece corrente turva de tempestade que entope bueiros...

Mas vai amainando à medida que as águas descem...

Deságuam das nuvens no céu...

Assim se derramam no papel letras feito correnteza de rio depois da tempestade... Tromba d’água...

Água.

Lava.

Soturna... Forte e noturna...

Não vem não rima... Não me azucrina... Já disse!

Não quero escrever poema!

Não sei qual título dar...

Não sei se cheguei ao fim...

Não sei se é começo ou meio...

Ta misturado assim...

Rima medonha!

Me persegue!

Me deixa só.

Vai!

Me deixa em mim...

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 16/04/2007
Reeditado em 16/04/2007
Código do texto: T452100