Prenúncio

Infelizmente percebi tarde que

o aprendizado é nossa única bagagem,

a estada entardece,

o sol se põe e a lua mostra-se, pressionando...

Então, penso em voltar para louvar aos pássaros despercebidos, ao riacho adornado pelas pedras, as quais só me impressionavam pela rudez.

Quero voltar ao seio da mãe, e a proteção do amor paterno, ao mesmo tempo que vêm a boca todas as palavras de reconhecimento que não pronunciei, e que póstumas, são inaudíveis.

Hoje enxergo a infância e seu encantamento, outrora a mim insuportáveis, pela falta de paciência e requinte dos sentidos, que imaturos, são larápios cruéis que nos roubam a visão e a emoção.

Ao pôr do meu sol, sonho beijar na boca o amado que desprezei por não preencher os requisitos que a mídia impunha, deturpando meus conceitos. Todas as sensações me vêm, entremeadas de um misto de sonho e arrependimento, e os pensamentos passam, embolados, em velocidade ultrassônica, causando desespero.

Me controlo olhando o azul do céu, que acalma, mas ele passa rapidamente, e traz o alaranjado prenúncio.

A ampulheta não para de transformar em passado momentos tão viventes...Cada grão que desce leva em sí um pedaço de sonho e esperança, e no vazio, ao cume, só ficam as lembranças...