Uma alma de criança

Eu sou uma mulher de 41 anos e ainda me vejo uma criança.

Choro por coisas pelas quais a maioria nem se abala.

A dor de um animal, por exemplo.

Ao levar um dos meus cães à veterinária e ouvir que é possivelmente cinomose porque o hemograma não foi tão conclusivo, já comecei a chorar ali mesmo, não tenho vergonha de chorar, as lágrimas vão caindo e eu deixo, não tento segurar! O pior foi ouvir que a doença é transmissível pelo ar e que talvez os outros 3 cães estejam infectados. Como pode, eu perder meus bichinhos que amo tanto que são tão essenciais para o meu emocional irem todos assim de uma vez? E pensar que para não vê-los sofrendo a gente tem que sacrificar?! Ah eu não estou preparada para perdas, odeio a ideia de perder amigos mesmo os não humanos...

Que fique claro que o amor que sinto pelos animais é diferente, mas são amigos! Como não chorar por criaturas que viveram anos com a gente e muitas vezes nos fizeram rir e sorrir, que conversam conosco com o olhar, sempre tão presente? Minha cocker amada, que me segue aonde vou e me espera à porta quando saio, está comigo há uns seis ou sete anos, como posso imaginar a vida sem ela? E pensar que terei que levar para sacrificar meu bichinho mais amado? Ver a dor nos olhos da minha filha, é o que mais dói, e um dos cães vive conosco desde antes da vida escolar delas! Já está velhinho e quase cego, mas o amor principalmente

da Gi, é imenso por ele. E tem toda uma história na vida dele e nossa,eu

aprendi a amar os cães por causa delas... Depois que cheguei da veterinária, simplesmente estou paralizada ainda. Isso tudo me fez pensar que eu não suportarei perder alguém que amo, já vi pessoas enfrentando a dor da perda de um filho, tenho muito medo disso, eu prefiro morrer! Quando há dez anos atrás eu precisei passar por uma cirurgia cardíaca,só conseguia pensar: melhor que seja comigo! Eu não conseguia imaginar estar no lugar deles esperando o resultado.E a maior dor emocional foi realmente o momento de sair de casa e deixar minhas filhas sabendo que eu poderia não mais vê-las.Mas assim é a vida, dez anos depois, aquelas dores são só lembranças e outras se fazem bem reais! Temos que entender que cada dia tem suas próprias dores

como disse o maior homem que já viveu na Terra.

São dores diferentes que dilaceram-nos a alma dia após dia, nessa existência, mas um dia nada disso será mais que simples lembrança, no tempo em que não houver mais dor, acredito nisso!