A peça de todos os dias.

Meus pés pedalavam nas nuvens de algodão doce,

E a cada oportunidade que encontrava, era uma mordida.

Os trovões avisavam que as luzes iam de chegar,

E o grupo descia do céu, para em terra firme tocar.

Acordei.

Já me faltava energia elétrica, mas minhas pernas,

Singelas, magrelas, não paravam de dançar.

Peguei a lamparina, tão bonita porque brilha,

E fui à janela, para esperar o show que ia de chegar.

O cheiro da terra dava o terceiro sinal do teatro,

Abri as cortinas e as janelas.

Lá vinha a primeira atriz.

Mesmo que fina, era a chuva que dava o ar da graça,

Montava-se desfilando, no desfiladeiro das montanhas.

Não pude mais aguentar, e clamei pelo raio.

- Senhor raio, onde estás?! – Gritei.

Como se me ouvisse, lançou sua raiva contra a minha casa,

O telhado desabou, minha mãe se embraveceu.

E eu fechei os olhos e participei da peça.

Ri, gargalhei e dancei até pegar minha bicicleta,

E voltar pro céu: os bastidores da grande peça do mundo.

Júlia Câmara
Enviado por Júlia Câmara em 18/11/2013
Código do texto: T4576032
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