Títere
Então a gravidade me chamou
E caí de cara no chão
Quebrei o nariz
Perdi alguns dentes
Fiz questão de engolir o sangue que escorreu
Mas nem essa dor conseguiu superar
A que senti internamente.
Você me fez voar
Até muito acima do que qualquer um dos meus sonhos
Me fez acreditar
Que podia haver algo mais que trevas ao meu redor.
Mas percebi as cordas com que você me puxava
E que o Sol era apenas um holofote
Iluminando o palco em que eu me encontrava
Sendo arremessado para todos os lados pelas tuas mãos.
Quando caí, a realidade me espancou
E na meia-luz do que restou de mim
Vi as mais sinceras palavras que te entreguei
Jogadas numa velha estante empoeirada.
E me lembrei dos teus gestos vazios
Dos teus olhos frios
Do teu sorriso cruel.
E desejei com todas as forças
Desvencilhar-me de ti.
Cortei as cordas
Rastejei para longe
Escondi-me na mais profunda escuridão.
Mas, quando pensei estar a salvo
Percebi que ainda estava preso
A uma última corda amarrada ao meu peito.
E fui puxado, novamente
Para mais um espetáculo.