SILENCIAMENTO

Prenuncio o precipício do que foi um terno início. E o indício mais que claro é o diálogo difícil.

Um passo a mais e é o abismo . Um a menos, o conformismo. Um ou outro, engolindo o sentimento que, por tempos, pensei nós.

Mas...

Muitos nós alargaram os hiatos entre os sóis...e os sós.

Eu, que nasci com impulsos na ponta dos dedos e gritos na ponta da língua, surpreendentemente, sentencio-me ao silenciamento.

Deixa assim...

Se mais tempo permaneço falando e falando e gritando e gritando, insistentemente reclamando pelo que, mostra, não me pertence, certamente estarei condenando o verbo bendito a qualquer coisa mendicável, volúvel e hemorrágica , capaz de sangrar além da amenia. Deste modo, distantes os corpos e os ditos, blindado no canto esquerdo e na mente, resguardo, intactas, as memórias sonhadas vívidas por mim.

Deixa assim...

E pra não dizer adeus, brindemos com um velho e bom Bourbon.

(é quando esqueço alguns detalhes pra lembrar:

o meu olhar de maresia sobre o seu azul-mar

um verso sincero, na estante, escrito à batom

e esse morno vento-nostalgia;

o que fechará a porta atrás de mim.)

Deixa assim...

...que é pra não passarmos do bom tom...

SILENCIAMENTO - Lena Ferreira – nov.13