Desbotado

Em algum momento, pus os sonhos de lado. Não porque sonhar fosse inútil, mas porque necessitava enfrentar realidades. Impossível conciliar os “pés no chão” com as “asas da imaginação”. Mesmo em se tratando de sentidos figurados isso mostrou-se uma incompatibilidade anatômica.

Mas, se por um lado a vida cotidiana mostrou-se mais consistente – sólida, até, como se supõe que ela deva ser – de outro lado o sentido em viver perdeu muito de seu colorido. Ao que parece o espírito é que descoloriu e, assim, o ser humano ficou desbotado.

Creio que deva haver como restaurar essa pintura, mas é preciso romper as molduras do comodismo, colar os rasgos de mágoa na tela e encontrar os pigmentos certos na paleta das esperanças. Indispensável, também, é que haja um pincel.

Meu reino por um pincel!