Fagulha

Aquele momento do puro e simples terror. Aquele momento em que o medo mais irracional enche o corpo por inteiro e você não consegue pensar em mais nada. Aquele momento em que a decepção invade uma mente cansada, alegando que tudo está errado, e que se ela tivesse esperado por menos de cinco minutos... aquele delicioso momento em que todo o medo e a decepção se desvanessem perante a raiva... a ira mais simples e pura dum ser humano contra si mesmo. A raiva passa a tomar conta, e a ira faz que nenhuma ação seja possível. Tudo o que você quer é sair correndo, dormir um sono profundo e não acordar nunca mais. Dormir por um dia. Uma semana. Um mês. Um ano. Uma década! Por que não? Há tanto pra ser feito que jogar tudo aos ares e simplesmente respirar seria muito bom... mas não se pode simplesmente fechar os olhos em paz e dormir, nem que por míseras três horas. Tudo lhe impede o sono. O medo que há pouco consumiu-lhe. A decepção. A raiva. A ira. Até mesmo a vontade de desistir faz com que você desista dela. Algo é sensato em seu ser!

Aos poucos a raiva se esvai. Vai diminuindo assim como veio. Na verdade, ela fica discreta, mas ainda está lá. É possível percebê-la em seu tom de voz. Não que alguém vá se importar com isso. Não num mundo onde cada um só para si. Você respira fundo. Infelizmente, o amanhã já chegou, e você ainda não dormiu. O tempo não parou, e suas obrigações não acabaram (como se um dia fossem acabar e você pudesse simplesmente sentar-se e ler um livro sem pensar no que está deixando de fazer). Você olha as horas. Em menos de quatro horas o celular despertará e você provavelmente acordará de mau humor. Mas ele será perceptível apenas numa ligeira mudança em seu olhar e talvez no mais leve gesto. Tudo será motivo de uma respiração irritada. Mas quem liga? Você deve cumprir o que lhe foi estabelecido.

Então você respira fundo mais uma vez. Fecha o olhos. E tante dormir.

Bekah
Enviado por Bekah em 02/12/2013
Reeditado em 02/07/2016
Código do texto: T4595208
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