Quero, sim
Eu te quero feliz. De verdade.
Eu te quero bem, melhor dizendo. Porque sofrer, às vezes, faz bem.
Quero que não faça cerimônia e me conte tudo mesmo, de sorriso a lágrima. A casa é sua, os ouvidos eu empresto.
Te quero seguro. Seguro do que quer e de como buscar. Derrubando mitos, desbravando o mundo e arrancando suspiros, pois por isso já não sofro. Eu já nem sofro mais e te devo também essa conquista. Conquista cara que barateia a vida e me poupa de tantos tropeços futuros, presentes e pretéritos. Sim, o velho costume de conjugar deslizes em todos os tempos.
Os olhos que hoje te avistam não imaginam o quanto fiz parte de ti ou em quantas partes fracionei o sentimento, só pra ter na geladeira um resto de ontem, só pra me salvar da angústia de aprender a ser eu sem você. Eles não te conhecem, mas não hesite em permitir que o façam. A vida segue.
Quem me olha agora também não faz idéia do dobrado que cortei te deixando ir, do que foi contigo e do que ficou. Vêem a fusão de dois códigos genéticos, apenas. "E até que deu certo", talvez ousem (pateticamente) dizer. Definitivamente, eles não me conhecem e não sei se, depois de uma cantada dessas, posso lhes dar grandes chances. Mas, garanto o lugar de quem sabe se aproximar. A vida não parou.
Eu te quero esquecido e quero rir da sua cara de paisagem.
Eu te quero lembrando com saudade e já sem vontade de retroceder.
Eu te quero caminhando em velocidade média e quero que, de vez em quando, meus passos te alcancem.
Quero dizer “oi” sem receio e perguntar se está tudo bem esperando que esteja “melhor impossível”.
Eu te quero presente em cada sonho realizado e também nos que deixarei para trás.
Te quero de hoje em diante, como se a gente tivesse brincado de esqueci-o-que-ia-dizer o passado inteiro.
Quero o que você se tornou. Quero um vôo livre. Quero que não esqueça que tudo que quero é que seu querer se materialize. Quero que esqueça que eu já quis demais e, de mim, continue lembrando.
É assim que te quero. É somente o que ouso querer.