Em Casa
Aqui tem quietude
tem cheirinho de mato
cheirinho de café
chão vermelho e brilhoso
paredes brancas e azuis
uma mesa tão arrumadinha
coberta com toalha de renda branca
uma janela não muito grande
sem grades
cortinas perfumadas
pela essência das flores e plantas
que borboleteiam dia e noite
e onde me sento, vez em quando
para apreciar, agradecida,
a beleza da poesia da chuva
sua melodia, ritmo, harmonia
uma música pronta
elaborada pela mão divina
quintal bem pequenino
por onde uma galinha
passeia, zelosa, com seus pintinhos
onde qualquer passarinho da redondeza
vem me visitar
beber a água que ali coloco
e ter um dedinho de prosa comigo
sim, eu falo com os passarinhos
desde sempre
sei que eles são bons ouvintes
e notáveis cantantes
nossa conversa rende
noites sem solidão
alma e aura
aprazível alento
é uma casa tão pequena
no espaço erguido com tijolos
e tão grande
no abrigo que me concede
na paz que me abraça
no aconchego que me ampara
para sempre