Predito desdito

A moléstia é dorida, funesta,

Não graceja nem cá nem lá.

Sua presença, pensionista parasitária,

Se afigura invasora, grileira.

Não creio que alguém se ajeite

Locador compulsório seu,

Mas há de haver ainda

Companhia mais incômoda

Que o próprio malefício em si.

A promessa de sua chegada

Talvez revolva por derradeiro

A placidez que se finge viver

Na esperança quebradiça

De que, no amanhã inescapável,

Seu propósito firme de se achegar

Se perca alhures e, por Deus, me erre.

Até lá, só mesmo a inquietude

Do intermitente ressabiar.

Éder de Araújo
Enviado por Éder de Araújo em 09/03/2014
Reeditado em 10/03/2014
Código do texto: T4722426
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