Lua na Janela
Entro em casa altas horas da noite e sozinho vou ao meu quarto, apago todas as luzes artificiais e abro a janela dos meus ais, das dores que já se foram e que neste exato momento renascem num suspiro profundo, vêm abarrotar o espaço que ocupo em lembranças cruciais, ressuscitando antigos amores que foram há muito tempo tragados pelo silêncio do passado. Desvanecido e esquecido, tento em vão lograr a saudade que freme até mesmo no meu respirar com uma inexplicável incapacidade de raciocínio. Devo estar bêbado imagino! Inebriado pela sorte que recebi das mãos do destino, homem ou menino a correr atrás de um sonho por outros já sonhados e embrenhados no tanto fez como tanto faz, se realizaram e gargalharam, alaridos e gemidos de eloqüência na cara do desastre que se é ser, sem nuca ter sido nada, nem visto, nem ouvido canções em noite de luar.
Foi então, que abri as cortinas acinzentadas dessa janela e o brilho da lua cheia, feito cálido pálio a uma fada que enquadra o martírio e o delírio em parâmetros aos engodos de encantos infundados, resplandece sobre o assoalho a imagem de uma coisa indescritível e funda razão ao meu viver. O alvitre que ainda resta neste frio piso. Piso onde contávamos nossas estórias de bem-querer, querendo sempre nunca querer nada. Eram apenas gargalhadas de quem nunca soube ver e nem ouvir. Sentir nem imaginar... E as flores que vimos os perfumes que sentimos? Tudo isso nunca mais! Como eu queria me perder numa densa floresta tendo raios da lua como caminhos ao sentido disso tudo. Crer na existência sendo a minha dor a essência do sentido que se tem ao sonhar. Cair no esquecimento e sem nenhum fingimento dizer ter aprendido com a sedução da Lua na janela, clareando meu ser por inteiro. Viver não tem preço! Careço de dizer que sou o primeiro. Não quero gargalhar, é muito feio, mas acreditem, aprendi a sorrir! E a Lua tão bela, tornou-se singela e se foi em busca de outros ébrios, algures estejam adormecidos em pequenas capelas de lendários contos ao meu espanto que fascina.
Lua na janela me revela nos segundos e minutos que passam que lá fora a vida me espera para a magia do eterno existir, aprender a desvendar na rua os segredos da lua à infinita hora de viver com êxtase uma terna emoção. Sofrer, jamais! Minha cama me chama, fecho a janela e deixo que a Lua Cheia se vá em total brilho, rebrilhar nos demais trilhos esquecidos por aí! Eu quero simplesmente dizer que fui o derradeiro a reconhecer os erros de nós dois e depois disso tudo quero adormecer, ver outro dia nascer e novamente poder sorrir!
Autor: Valdir Merege Rodrigues
Pinhalão - Paraná