~DIVAGAÇÕES DOS TEMPOS FRIOS~

Vagava solitariamente numa alameda, onde árvores retorcidas
por vendavais, estavam completamente nuas...suas folhas haviam sido varridas...sopradas pra quem sabe onde...
Naquele instante aquela paisagem fazia parte de si, entranhava-se quadro a dentro, aquela paisagem com cores doentias, sofridas, como prisões que a natureza usa vez em quando, para entristecer os que se riem de tudo, ou para chamar a uma outra realidade, os inconsequentes que precisam de choques de imagens para retornar à ponderação, à calma que principia um despertar de forças ignoradas, interiores, frágeis imagens que captadas, elevam o quociente de forças psíquicas num crescendo vagaroso e ininterrupto, como se refletindo nelas mesmas, imagens outras, trazidas de seu país interior, onde tudo é pedra sobre pedra, onde tudo há por reorganizar, onde tudo é possibilidade... Mas, onde falta a exatidão da vontade educada, dirigida a um objetivo ímpar de mudança de tudo, forjada através de muitos egos desfolhados, como as folhas varridas pelos vendavais dos outonos...
Atravessando todas as friagens de invernos inclementes que exigiram da alma muito mais que os destroços de emoções, o desmoronar de pensamentos, os terríveis terremotos interiores, para num dia distante de primavera, ajuntar os mil pedaços, que irão quem sabe, florescer num verão como brotos renascidos,
prontos a criar nova história, renovando a natureza de Ser..
Olhava tudo ao redor, os pensamentos reflexionando a grandiosidade dos mistérios: a mente elucidando...o que de mais cinzento havia, o que de mais triste e desolador mostrava em imagens invernosas como as vestes da solidão, eram nelas, incrível, mas eram nelas que se encontravam as imagens verdejantes dos fulgores do verão...para isso havia que sair, atravessar as paisagens nevadas, seguindo confiante até as fronteiras dos campos onde a primavera risonha oferecia flores frescas, onde pensamentos verdes corriam campos, como potros a serem dominados na arte de submeter-se à ordem sutil de ser útil , enquanto nas profundezas de si mesmo, guardava-se impávido, para nunca perder a própria liberdade... porque liberdade é coisa que nasce de dentro, é interior...não se deve perder nunca...
Era assim... atravessar toda a neve do inverno... partir rumo à primavera consciente de si, para chegar finalmente a um verão, onde a alma teria no coração, aquele Sol refulgente, que nasce no horizonte interior, com sua luz iluminando toda e qualquer paisagem que passou... e todas as lutas e dissabores,
dores e amargores , tudo se transformaria e seria visto assim: apenas uma paisagem que passou...

Maria Inês Paula Bomfim
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10:49 hs 09/04/14 ~
#Aromasdaluz
#Nostemposfrios
Maria Ines de Paula Bomfim
Enviado por Maria Ines de Paula Bomfim em 15/04/2014
Código do texto: T4769889
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