LEMBRANÇAS FERIDAS

Na insensatez da razão que de assalto me toma sem que eu de fato quisesse, me perco em pensamentos que ferem, palavras se encaixam nas fendas estreitas da mente vazia, e em busca da poesia perfeita, versos se formam, mas não curam a dor que eu sinto, ao contrario, rasgam e abrem maiores lacunas que sangram e pelos olhos escorrem.
Lembranças me invadem... instantes sublimes que machucam por serem apenas saudades, que distantes se fazem impossíveis em presente momento.
Vívidas sensações entorpecidas se mostram sem medo, em murmúrio que ecoa silencioso na escuridão que assusta e me abraça, dominando completamente o querer, despertando a dor do sentimento escondido que pulsa no peito e em meu coração.
No farfalhar de galhos desnudados em outono, a brisa gelada envolve o corpo e a alma, e junto com as folhas desgarradas e perdidas, sem permissão... leva pra longe as doces lembranças como vento que sopra sem direção, arrancando de mim um lamento e também o calor... mais que um calor de verão.