De: Silvino Potêncio ... Vamos recordar O Fado em  “Pessoa”!
(Falecido a 30 de Novembro de 1935)
“ Pensar é estar doente dos olhos”!... (dizia o Ti Alberto Caeiro).
Dizia também o Ti Fernando Pessoa, como também ele era conhecido nas ruas da Baixa Alfacinha, principalmente na esplanada da “Brasileira”  lá pelos idos das décadas de Vinte ou Trinta, do século Binte ... buscar  para irmos para o meio de coisissima nenhuma!,... que será o destino dos Portugueses do “Sebastianíssimo” sempre Almejado (nunca alcançado) Quinto Império, e ele era (dizíamos nós) também muito admirado por ele mesmo em “Pessoa” como o  Ti Alberto Caeiro, e outros até lhe chamavam de... Oh Ti Ricardo Reis!... vai aí um sonetozinho, enquanto tomamos uma bica!?... mas eu não tenho “netos”, respondia a dama e o cavalheiro com olhares de esguelha ao então ilustre desconhecido escrevinhador. – iiii aatão lá bai; 
 
Não, não!... meu Caro Amigo e Leitor,
Se viesteis até mim para me gozar;
Então voltai e vão curtir a vossa dor... 
Porque eu venho aqui ao Chiado só passear!
(Silvino Potencio)
 
Imaginamos nós que esta pudera ser a nossa resposta padrão em verso, se acaso tivéssemos vivido no tempo dele mas, como não vivemos, a bem da verdade... desde uns 40 anos a esta parte, nós Emigrantes, Ex Retornados, Ex Combatentes, Ex Residentes, Ex Pulsos do IARN, Ex Comungados dos Campos de Descolonização Aulgarveschwitz, e DACHAU a Treblinka, Exorcizados dos Acordos do ALVOR  então voltamos para o futuro e cá estamos nós no futuro!... Portugal – QUE FUTURO?
 
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu. (Fernando Pessoa)

Um dos poetas populares mais conhecidos no Recto Ângulo Luz & Tano é o Ti António Aleixo que;
De lá do alto da Serra do Caldeirão,
Ele ditava sem parar as suas trovas...
- Com um simples cajado na Mão,
Ele poetava tanto as velhas como novas!  
 
E vem-nos isto a propósito de sabermos que o Mestre (dos Mestres...) era um poeta ingénuo e tinha apenas a instrução primária, nascido em Lisboa lá pelos idos de 1889 faleceu 26 anos depois tuberculoso de morte morrida...
- Ele,  o Mestre Caeiro foi um dos mais influentes Heterónimos de Fernando em Pessoa... nascido um ano antes do “Mestre” e falecido 20 anos depois já impregnado de saber natural. Filósofo,  irrepreensivelmente urbanizado pelas vielas e ruas da Baixa Al Facinora (dizemos “facínora” em  alegoria histórica, isto porque; há muitas décadas que, para matarmos saudades só o fazemos na chegada a Lisboa... lá chegados, ao Burgo Alfacinha, nós logo matamos tudo como verdadeiros facínoras) mas...ele nos deixou cedo demais!
Depois de avistarmos o céu de Lisboa, ou a Estação de Santa Apolônia vindo de comboio, nos recordamos da sensação expressa nas palavras de Sofia de Melo Breyner Andersen... ao visitar Lisboa; 
 
  “...DIGO: LISBOA...QUANDO ATRAVESSO – VINDA DO SUL – O RIO E A CIDADE A QUE CHEGO ABRE-SE COMO SE DO SEU NOME NASCESSE. ABRE-SE E ERGUE-SE EM SUA EXTENSÃO NOCTURNA, EM SEU LONGO LUZIR DE AZUL E RIO.
EM SEU CORPO AMONTOADO DE COLINAS...
LISBOA COM SEU NOME DE SER E DE NÃO-SER,
COM SEUS MEANDROS DE ESPANTO INSÓNIA E LATA.
E SEU SECRETO REBRILHAR DE COISA DE TEATRO
SEU CONIVENTE SORRIR DE INTRIGA E MÁSCARA,
ENQUANTO O LARGO MAR A OCIDENTE SE DILATA,
LISBOA, OSCILANDO COMO UMA GRANDE BARCA
LISBOA, CRUELMENTE CONSTRUÍDA AO LONGO DA SUA PRÓPRIA AUSÊNCIA...
​(Sofia de Mello Breyner)

*****
Mas hoje não vos falamos de Lisboa e sim da sua inolvidável figura, o Emigrante Fernando Pessoa, que veneramos, e que aqui reverenciamos e recordamos uma vez mais, vos deixo o meu simples poético tributo porque tudo isto é fado;
  
Até que Deus e o Fado nos junte Algum dia!
 
Só tu me compreendes “in totus”
Meu Mestre meu mentor e digno guia...
Na tua campa eu deixo esta flor de Lotus,
Até que Deus e o Fado nos junte algum dia!...
 
Tudo faço p’ra esquecer tal momento,
Pois não me apraz ter de o fazer por agora.
Só tu me compreendes em sentimento,
E eu te lembro, te recordo a toda a hora!...
 
A remonta deste meu poema não completo,
Já vem de muito longe em tempo incerto,
Do meu pai ou de Meu filho do meu Neto...
 
Em ti me vejo espelhado já por perto
Porque Outono se despede já da Prima Vera,
Outros verão os frutos do Inverno da nossa era.
 
Abraço e até breve...
Silvino Potêncio
Emigrante Transmontano em Natal (Brasil)
O Home de Caravelas de Mirandela

www.silvinopotencio.net
Texto publicado em: HTTP://osnizcaros.blog.pt
 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 30/04/2014
Reeditado em 18/12/2016
Código do texto: T4789014
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