O PIER

O PIER

*Gilda Pinheiro de Campos*

Lembra amor, quando sentados a margem do canal, sonhavamos?

O tempo passou, os sonhos ficaram pelo caminho...

Nos afastamos, ou melhor, a vida nos afastou, mudei de cidade,

a comunicação foi diminuindo, os compromissos se avolumando...

Trabalho, família, estudos, sonhos profissionais tomaram

a dianteira e os sentimentais ficaram pra trás...

Casei, tive filhos, sonhei acordada o tempo todo porque você

sempre foi o modelo de homem que sonhei e claro, não encontrei....

A sensação de algo faltando, a insatisfação com a falida relação, me

faziam cada vez mais fechar os olhos e sonhar com nossos encontros

a beira do canal, o tapete de folhas outonais, as frondosas árvores,

o pequeno pier de madeira que nos servia de cenário, o entardecer romantico,

com beijos e ternos carinhos de dois adolescentes sonhadores...

Me contaram que você nunca saiu daqui, criou raizes, família, seu negócio,

seu chão...

Que todo entardecer, desde que parti, vem aqui, pensativo e triste,

não permite companhia, olha o céu e a outra margem, como que esperando algo...

Voltei meu amor...

Com as marcas do tempo no corpo e na alma, mas também com a esperança

de voltar a ver-te, acariciar teu rosto, beijar teus olhos, te abraçar...

Depois, não sei, que seja o que Deus quiser...

Até o entardecer amor...

em 18/05/2014

às 7:49p.m.

Gilda Pinheiro de Campos
Enviado por Gilda Pinheiro de Campos em 18/05/2014
Código do texto: T4811365
Classificação de conteúdo: seguro